terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Sem promessas

Ano novo! Nem sempre nossa vivência ao longo do ano justifica o uso desse maravilhoso adjetivo. Então porque insistimos tanto em usá-lo?
Uma pessoa me disse no dia 31 de dezembro: "É, mais um ano termina... A gente faz um monte de promessa pro ano que vem mas não cumpre nem metade do que pensou por ano novo. Continua tudo igual".
Achei esse comentário triste, não pelas promessas não cumpridas, mas pela sensação de que continua tudo igual. Mudar é tão importante...
E por mudança não estou me referindo a coisas apoteóticas, a reviravoltas radicais que só acontecem nas comédias românticas hollywoodianas e nas novelas globais. As mudanças podem ser muito pequenas e silenciosas. Às vezes a gente até demora para se dar conta delas, de tão discretas elas são - não chegam de salto alto mas de chinelas de quarto, de modo que não ouvimos seus passos e não vemos sua chegada, e só nos damos conta delas quando bem instaladas dentro de nós. São essas mudanças que eu desejo para 2011.
Em toda passagem de ano eu reverencio a vida: eu adoro os fogos, o champagne, as roupas brancas, as calcinhas de diferentes cores atraindo diferentes benefícios, a lentilha para trazer prosperidade (e milhares de outras simpatias para atrair a boa sorte), mas, mais do que tudo, o abraço longo das pessoas que eu amo e aquelas palavras repetidas de sempre - muita paz, muita saúde - que valem mais pelo calor, pelo sentimento do que propriamente pelo que significam.
Eu reverencio o ano que passou e tudo de doloroso, desafiante, delicioso e excitante que me foi permitido viver. E reverencio a aventura de mais um ano. Desejando que seja bom, que seja pleno. Sem promessas. Apenas me comprometendo comigo mesma em ser mais feliz, mais leve. Acho que essa foi a grande lição que 2010 (um ano fantástico!) me ensinou: felicidade é leveza...
Partilho com vocês algumas palavras do Drummond (grande poeta das Gerais). Que 2011 seja um ano realmente NOVO para todos!

Previsão do Tempo para 1967 (lê-se 2011!)

Bom, se o ajudarmos
a ser bom. Céu claro,
se nossos pensamentos forem claros.
A luz começa
na boa vontade da alma - e dos olhos.
Somos responsáveis
pelo bom tempo:
compreensão simpatia impulso de ajudar
tornam belas as manhãs
e embalam as noites
em casa e no mundo.

(Carlos Drummond de Andrade)

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