domingo, 27 de fevereiro de 2011

Amanhecer

A manhã nasce e me comovo ao contemplar a cidade vazia e quieta. É domingo e todos dormem, exceto eu e os pássaros. O sol se deita devagar sobre os telhados, como se não quisesse fazer barulho, como se não quisesse brilhar demais e acordar os trabalhadores, deuses que constroem esse mundo e que merecem descansar no sétimo dia.
Apenas as árvores quebram a imobilidade da manhã, mexendo-se lentamente no vento fresco, se despedindo da madrugada. Não há nenhuma janela aberta, nenhuma luz acesa, nem os cães latem. Somente em minha cozinha o cheiro do café desperta os sentidos. O gosto amargo e quente, amigo de todas as manhãs, me acompanha na contemplação da cidade adormecida.
Mas de repente um carro passou na rua. Um carro veloz e barulhento. Depois um cão latiu. E finalmente uma janela se abriu.
E a manhã não era mais apenas minha.

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