A poesia parecia ter me abandonado, sufocada entre as obrigações morais e civis (como diria o Pessoa).
Mas ela voltou e nesta semana tive uma overdose - escrevi três poemas. Um deles aqui vai, os outros ainda estão dormindo em seus arquivos, não estão prontos para exibir-se aos olhos do mundo.
Prece à Primavera
Suplico-lhe, adorada Primavera,
que não venhas.
Não posso mais florir.
Guarda tuas gotas
tuas chuvas benfazejas
peço-te, não me provoques
com teus dedos úmidos
com sussurros de pólen
e sementes à espera.
Suplico-lhe, misericordiosa,
não me torture
com tulipas
lábios de lisianto
beijos de borboleta.
Não posso mais florir.
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