Um dos livros mais interessantes que li nos últimos anos foi O Senhor das moscas, de Wiliam Golding,
publicado no período pós II Guerra Mundial. Eu resolvi adotá-lo como leitura
obrigatória para alunos do 1º ano do ensino médio há um tempo, e tive a
felicidade de descobrir no livro mais coisas do que eu previa.
Tenho dito com frequência que a literatura, especialmente a
de fantasia, tem me trazido as melhores reflexões sobre essa tal de realidade
(essa que com o tempo a gente aprende ser muito menos factual e racional do que
a gente imagina). No livro de Golding, crianças e adolescentes postos em um
avião para fugir da guerra caem em uma ilha deserta. O acidente mata todos os
adultos e, sozinhos, os infantes precisam, diante da completa escassez de tudo,
organizar-se e sobreviver. Há dois objetos significativos nesse enredo: uma
concha, a qual, segundo um dos personagens que instaura uma assembleia, dá a
quem a segura o direito à fala e à tentativa de persuasão dos demais; e uma
lança, com a qual outro personagem estabelece pela força e pelo medo seu
domínio sobre os demais.
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