segunda-feira, 14 de março de 2011

Do amor e suas mazelas

- Mas eu te amo!
As palavras saíram como um vômito. Ela não aguentava mais sentí-las rodando pelo estômago, causando náuseas. Era insuportável demais pensar que se rebaixava tanto, que além de amar aquele homem, esmagando todas as sobras de sua auto-estima, ela ainda tinha a coragem de dizê-lo.
Ele continuou a rodar entre os dedos a caneta, sem encará-la. Assim como se estivesse só, com seus pensamentos. E ela finalmente percebeu que era exatamente isso: ele sempre estivera só.
De repente, ele fez um movimento, como se a percebesse. Como se pela primeira vez fosse encontrá-la. Ela, em pé, segurou nervosamente o dorso da cadeira. Ele parou de rodar a caneta entre os dedos.
Puxou um papel, escreveu uma palavra, levantou-se e saiu.
Ela reclinou-se sobre a mesa para olhar de perto a página branca, em que se lia em letras maiúculas e vermelhas a palavra MAS.

Um comentário:

  1. Esse é o velho e indestrutível (Lê-se imutável) orgulho masculino. Às vezes, em momentos tensos, uma palavra mal escolhida funciona como um tijolo mal encaixado capaz de desmoronar uma casa que nem mesmo um "eu te amo" consegue segurar.

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