terça-feira, 3 de maio de 2011

Osama realmente morreu?

Antes que vocês pensem que sou mais uma daquelas pessoas que acreditam em teorias da conspiração, quero deixar claro que acredito na morte de Osama Bin Laden. O que me pergunto mesmo é o que ela significa depois de quase 10 anos do ataque às Torres Gêmeas. O que me pergunto é se a morte física do líder da Al Qaeda significa a morte do seu exemplo, de sua figura de liderança.
Na madrugada de segunda feira, eu, insone, estava assistindo TV às 2:30 quando me deparei com a notícia no canal Globo News. Fiquei surpresa, pois há tanto tempo o líder terrorista estava escondido que parecia mesmo que, em algum lugar embaixo da terra, ele dava risada do exército americano, e que assim seria para todo o sempre. No segundo momento, vi aquela multidão de pessoas gritando "USA", com bandeiras, rindo, falando do final do terrorismo, ou que agora as vítimas do 11 de setembro poderiam descansar em paz.
Entendo a reação das pessoas que, tendo visto seu país invadido, tendo perdido pessoas queridas, ou simplesmente conterrâneos, num ataque terrorista brutal se sintam assim. Mas que elas não se iludam: é ingenuidade achar que o terrorismo está perto do fim porque um líder foi morto. Ele será visto apenas como mais um mártir, o que ao contrário de destruir, alimenta a fé de milhares de pessoas.
Que elas não se iludam pensando que a execução de Osama Bin Laden foi mais uma ação de luta contra o terrorismo, quando de fato me parece mais uma atitude de vingança. Não se podia deixar vivo o homem que ousou invadir o país mais poderoso do mundo, bélica e economicamente, e matar seus filhos. Afinal, eram pessoas brancas, falavam inglês. Os filhos da África, dos países do Oriente Médio já eram mortos há muito mais tempo, mas tudo bem... São um povo atrasado, que falam línguas estranhas, que cobrem suas mulheres com burcas. Mas deixemos as ironias de lado.
Obviamente, não elogio a atitude de grupos extremistas árabes (ou de qualquer outra nacionalidade ou religião), mas posso compreender sua resposta a tantas décadas de domínio e exploração. Ação e reação. Então, se fosse mesmo para comemorar a morte de líderes terroristas, teríamos também de matar o ex-presidente George Bush. Indiretamente, ele também matou muitas pessoas inocentes, que estavam apenas trabalhando (como aquelas que estavam no World Trade Center naquela fatídica manhã de 11 de setembro de 2001). Mas isso a mídia ocidental não fala.
Nem o ganhador do prêmio nobel da paz, Obama, tem muito a dizer no verdadeiro combate ao terrorismo, que seria promover realmente a integração entre os povos, o desenvolvimento das regiões mais pobres, o fim da fome e da miséria - tarefa realmente difícil, para alguns, impossível, essa sim merecedora de prêmios. Mas antes que os leitores me chamem de ingênua, é melhor parar por aqui este post.

2 comentários:

  1. Oie, Lia!

    Concordo plenamente contigo. Os EUA tem um éthos melodramático bastante tributário dos enlatados cinematográficos que produz. Osama é considerado o grande vilão. Seguindo a estratégia ingênua do melodrama, que concentra toda a vilania num só personagem, sua morte acarretaria na paz nos EUA e entre os povos. Pura balela. Os norte-americanos têm de se protegerem de si mesmos, da visão megalômana que têm. Comemorando a morte do homem sem abrirem detalhes de como invadiram um país estrangeiro à revelia dele; como deram cabo da mulher do terrorista que foi usada de escudo por ele. Mas isso tudo bem porque, como você bem diz, o outro só significa na medida em que ele pode oferecer recursos ao gigante. Obama, a Líbia, o Paquistão, Bagdá são todos extra-terrestres que ameaçam a força do país e por isso merecem a morte... A propósito, escrevi anteontem um post sobre um filme e toquei ligeiramente nisso (coincidência, já que a morte do homem ainda não tinha ocorrido). Dê uma olhadinha nele quando puder: http://ofilmequeviontem.blogspot.com/2011/05/copia-fiel-2010-umas-reflexoes-sobre.html

    Bjos
    Dani

    PS: Hoje o Zé Simão está demais. Ele diz algo como: O papa foi beatificado, o príncipe casou e o vilão foi morto: Disney Week!

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