sexta-feira, 6 de maio de 2011

Uma boa notícia

Ontem, tarde da noite, eu tomava um copo de vinho na frente da televisão (eu adoro o frio, mas temo que ele aumente meu consumo de álcool) e fui surpreendida mais uma vez por uma notícia que considerava improvável, ao menos em curto prazo (essa semana está bombástica, hein?!). Porém, uma boa notícia: o reconhecimento do estatuto de família para uniões homoafetivas e a possibilidade de união civil estável para casais homossexuais.
Ao contrário da outra notícia bombástica da semana, a morte de Osama, que acirra o ódio, a intolerância, o terrorismo, essa novidade me trouxe a esperança de uma sociedade menos preconceituosa e mais respeitosa das escolhas individuais. Fiquei feliz por meus amigos gays que já sofreram muitas humilhações, a começar por seu próprio ambiente familiar, no qual muitas vezes foram vítimas ao menos de um olhar de reprovação, quando não de ofensas diretas e até agressões.
Não sou ingênua a ponto de acreditar que decisões como essa acabem com o preconceito. Mas já sinaliza uma mudança, que está em processo. Sinaliza que a organização civil de homossexuais tem repercutido positivamente para que, aos poucos, o olhar de reprovação seja substituído por um olhar de naturalidade. Essa é a palavra mais exata de como eu penso que deveria ser a reação das pessoas: encarar de forma natural que duas pessoas possam se desejar e se amar, independente de serem do sexo feminino ou masculino, de sexos opostos ou do mesmo sexo.
Uma vez perguntei a um amigo como ele havia revelado à sua família que era gay e ele respondeu: "De forma nenhuma. Por acaso você contou aos seus pais que era heterossexual? Explicou o por que para eles? Se justificou? Então por que você acha que eu deveria fazer isso?".
Quiçá um dia não serão mais necessárias explicações, quando as pessoas realmente respeitarem o outro e não o julgarem exclusivamente por seus comportamentos sexuais. Aí não haverá tolerância aos homossexuais, haverá respeito. Porque a palavra tolerância é uma armadilha: se eu tolero algo, significa que eu tenho paciência e compreensão com algo que seria errado, ruim, ou, no mínimo, irritante. Respeito é outra coisa: é reconhecer que as escolhas do outro não devem ser pautadas pelo meu julgamento de mundo, que este de fato é bem maior que meu limitado conhecimento. Respeito é reconhecer no outro a mesma humanidade na qual me insiro. E para mim, o destino da humanidade não deveria ser outro a não ser a liberdade e a felicidade.
Tá bom, podem dizer que sou utópica. Mas se pararmos de desejar esse mundo melhor, aí é que ele nunca vai existir mesmo.

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