segunda-feira, 1 de setembro de 2014

Ventos de agosto

Setembro começa cinzento e com chuva. Como a dizer que agosto terminou, mas a primavera ainda está longe. Teremos de padecer um pouco mais até as flores chegarem - não só aos jardins, mas às nossas relações. Agosto me fez pensar muito em como deixamos os espinhos se sobreporem às pétalas nas nossas conversas diárias. Em como conviver tem sido o maior desafio da humanidade, com pessoas que se ouvem cada vez menos e que gritam cada vez mais. Neste último mês, vivi situações em que constatei, mais uma vez, a dificuldade e até incapacidade de se ficar em silêncio. Silenciar é difícil... E ouvir o outro e a si mesmo requer silêncio.
Mas ontem, último dia de agosto, a chuva chegou na noite e as gotas graúdas amansaram meu coração. O vento era forte e pedi a ele que levasse embora o stress, a raiva, as decepções de agosto, esse mês que parecia não ter fim. E eis que joguei ao vento estes versos:

Ventos de agosto
Levem as lástimas
Deixem cair as sementes
Para que setembro floresça
E minh'alma sonolenta
Possa tomar um sol de manhã
Um ar de primavera frágil
Um gole de esperança instável. 


Que setembro nos traga mais chuvas, que elas lavem e levem tudo o que pesa, que aflige, que não deve ser guardado...

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